Polícia

Eunápolis: Mosca do estábulo é tema de seminário

28/07/2009 - 14h18Por: 71

A mosca do estábulo (Stomoxys calcitrans) também conhecida como bernanha, mosca do bagaço, mosca do gado, entre outras denominações regionais, causa grandes problemas nas criações por serem hematófagas, ou seja,  alimentam-se de sangue. Essa mosca é de população cosmopolita e semelhante à mosca doméstica. Sua  sucção dura de 5 a 10 minutos, seguida de sangramento e tem raio de vôo até 30 km.

Esse é um problema que tem tirado o sossego dos produtores de equinos e bovinos da região, e controlar a mosca do estábulo não tem sido tarefa fácil. Em apoio aos produtores, o Sindicato dos Produtores Rurais de Eunápolis realizou nesta segunda-feira, 27, no auditório da CEPLAC, um seminário com o tema “A mosca do estábulo”, para informar o produtor e mobilizar quem está diretamente envolvido no problema.
A proliferação da mosca do estábulo na região deve-se ao uso de fertilizantes in natura – no caso a “cama-de-galinha" e a palha de café – material usado por agricultores que cultivam mamão, banana e café. Nesse ambiente, a umidade é um fator preponderante para a sua proliferação. Assim, os ovos são depositados em grandes quantidades em superfície vertical em solo úmido, favorável ao desenvolvimento das larvas. O ciclo de vida de uma mosca adulta é de 30 a 60 dias. Tal como nos mosquitos, a mosca fêmea é que pica. 
A primeira palestra foi proferida por Agamenon de Almeida Farias, que é engenheiro agrônomo da  CEPLAC, o qual destacou a compostagem de resíduos orgânicos como a melhor alternativa para os produtores rurais controlarem a praga.  A compostagem é um técnica milenar praticada pelos chineses, não muito diferente do que a natureza faz há bilhões de anos desde o surgimento dos organismos decompositores.  A técnica  é utilizada  por agricultores para a prática da cultura orgânica, mas também para a necessidade de se diminuir o volume do lixo. O palestrante demonstrou a técnica passo a passo para se desenvolver, e as vantagens ambientais e econômicas que se tem no processo.
Cesar  José Fanton,  do INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural) falou sobre a etimologia da mosca e de casos semelhantes no Estado do Espírito Santo, e que lá os produtores adotaram a técnica de compostagem. Cesar apresentou gráficos que comprovam a eficácia da técnica. Citou também os hábitos da mosca e as consequências da picada, entre elas, a rápida perda de peso do animal e queda da produção de leite, infecção na região do baixo ventre. “Um animal nesse estado de saúde fica impossibilitado de ser comercializado em nível de abate”, declara Altino F. Matos, da Agropecuária Santa Clara. Hoje há produtor na região que perde 1,2 kg/dia/cabeça de gado, em consequência econômica que tem assolados os produtores.
Está previsto no Código Penal Brasileiro, no artigo 259 que difundir doença ou praga que possa causar dano à floresta, plantação ou animais de utilidade econômica é crime, com pena de reclusão e multa. No entanto, os produtores de gado da região aguardam agora a conscientização dos produtores que trabalham com o sistema de cama de galinha e palha de café para que tomem iniciativas contra a proliferação do mosquito que se reproduz nesses fertilizantes in natura.

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