Teixeira: Mãe de Heloá rebate acusações de maus-tratos após morte da filha de 2 anos
Em resposta às notícias veiculadas sobre a morte de Heloá Souza Gomes, de 2 anos, a mãe da criança rompeu o silêncio para contestar a versão do hospital e rebater as acusações de que teria submetido a filha a maus-tratos. Ela apresenta um laudo médico que atesta uma série de condições neurológicas graves da menina desde o nascimento, argumentando que as lesões no corpo da filha eram resultado de procedimentos hospitalares frequentes e necessários.
“Ela era especial, especial mesmo. A bichinha morava mais no hospital do que em casa”, desabafa a mãe, em gravação de áudio obtida pela reportagem. “As lesões da menina, na mãozinha, é de tanto aplicar a agulha para procurar acesso, porque devido ao baixo peso dela, ela era muito ruim para pegar acesso”, explica.
A mãe afirma que o conhecimento prévio do quadro complexo da filha pelo hospital foi utilizado para construir uma narrativa falsa. “Ele [o hospital] sabia o quadro da menina todinha… Então ele aproveitou isso tudo aí para poder ficar falando que a menina estava cheia de lesão, mas na verdade não tem lesão nenhuma feita por maldade nenhuma, não existe isso não. Isso é sem fundamento.”
Para corroborar sua defesa, a família encaminhou um laudo médico datado de 07 de maio de 2024, assinado pelo neurologista Dr. Luis Gustavo Correia (CRM 33658). O documento descreve Heloá como portadora de um “quadro de atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor, devido a paralisia cerebral, encefalopatia hipóxia”, e em uso de traqueostomia e gastrostomia. O laudo classifica o distúrbio como “permanente”, com “prejuízo crítico limitado” causando “importante impacto” nas atividades diárias e convívio social, e menciona a necessidade de “vigilância e cuidados continuos”.
A mãe faz um apelo público por seu direito de resposta, pede que seja dado esse direito de resposta, “pois a notícia ruim corre rápido, voa”. E ela alega ter sempre cuidado muito da filha. “Ela tá sofrendo duas vezes, pela perda e pelas acusações infundadas”, disse uma vizinha.
Uma assistente social que acompanhava o caso também defendeu a família em outro áudio: “A gente sabe da índole de vocês, a gente sabe que ela não sofria maus tratos, a gente sabe como vocês cuidavam bem dela… essa questão de maus tratos não procede”. Ela pede que a versão da família seja divulgada para que “a população tenha acesso à versão de vocês também, para poder entender realmente o que estava acontecendo”.
A menina Heloá faleceu no último dia 19, no Hospital Estadual Costa das Baleias (HECB), com quadro de desnutrição severa. As autoridades acionaram o Conselho Tutelar e o IML, que realizará a necropsia. A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte. A versão apresentada pela família, no entanto, coloca em perspectiva as condições médicas pré-existentes extremamente complexas da criança.
O resultado oficial do laudo pericial do IML, que poderá esclarecer a causa da morte e a origem das lesões, deve sair em até 30 dias.