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Teixeira de Freitas aos 39 anos é símbolo de resiliência: da era da madeira à diversificação econômica

02/05/2024 - 08h00Por: Domingos Cajueiro Correia

 Da floresta ao progresso: Teixeira de Freitas completa 39 anos desde o advento da exploração da sua floresta pelos madeireiros na década de 70

O município de Teixeira de Freitas chega-se ao seu 39º aniversário de emancipação político-administrativa em 9 de maio de 2024 com uma população aproximada de 170 mil habitantes, figurando como a maior cidade dentre os 21 municípios da região administrativa do extremo sul da Bahia e a 7ª maior do interior do Estado. Um povoamento que ganhou ascensão com o advento da exploração da madeira no final da década 60 e início de 70.

Aliás, foi em 22 de abril de 1973 que a Rodovia BR-101 foi concluída e inaugurada no povoado de Teixeira de Freitas e, a partir daí a localidade recebe a instalação de grandes serrarias e madeireiras, quando os representantes destas firmas conseguem convencer os fazendeiros a vender suas madeiras de lei e apesar deste advento econômico, uma grande quantidade de terra continuava coberta pela floresta, qualquer pessoa com visão de futuro podia perceber que dentro de poucos anos, toda aquela beleza nativa estaria destruída.

Bastava avaliar o ritmo das derrubadas que estavam acontecendo principalmente no baixo extremo sul, ao som do machado e do moto serra, quando uma quantidade abundante de árvores era posta ao chão diariamente, tudo isso, em função da corrida desenfreada pela busca da Peroba, Cedro, Macanaíba e do Jequitibá, após a derrubada vinha o fogo que comandava a destruição da fauna, da flora e de todo o ecossistema da nossa região.

Dentre as serrarias que se instalaram em Teixeira de Freitas na ocasião, estavam a Divilam, Vitória, Gaburro, Ronimar, Espiritossantense, Trevo, Japira, Centro Sul, Masul, Inaiá, Guararema e Colorado. Os fazendeiros não se preocuparam em nenhum momento em deixar uma reserva ambiental em suas propriedades, pois, eles queriam eram exatamente as matas.

A terra coberta pela mata sofria o processo de derrubada ao máximo e, uma vez a área limpa, era utilizada posteriormente para plantios de roças de cereais e principalmente do plantio do capim colonião para criação de gado, que representava poder e riqueza dos fazendeiros. Tanto que em 1973 a COOPIMISTA – Cooperativa Mista Agropecuária do Extremo Sul da Bahia, teve sua sede regional transferida do distrito de Posto da Mata, em Nova Viçosa, para o povoado de Teixeira de Freitas.

Para ilustrar a importância da madeira na região do baixo extremo sul baiano, fica registrado um dos últimos carregamentos de madeira no Porto de Caravelas , madeiras essas que nos tempos imperiais, antes da Proclamação da República, começaram a circular nos trens em direção a um porto às margens do Oceano Atlântico através dos trilhos da EFBM – Estrada de Ferro Bahia-Minas, que esteve a todo vapor para transportar madeira, café e todo tipo de mercadorias, fomentar o comércio e acelerar o desenvolvimento da região.

Mas a história durou pouco, somente oito décadas e meia. O transporte ferroviário deixou saudades na população, a Maria Fumaça da Bahia-Minas deu seu último apito em 30 de maio de 1966, um tempo bom que eu, Domingos Cajueiro Correia, tive o privilégio de vivenciar um pouco desse momento marcante em nossa história regional e que muito contribuiu para o desenvolvimento da nossa Teixeira de Freitas.


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