Cultura 
										Saci Pererê: O símbolo de resistência à cultura imperialista do Halloween

Você sabia que no dia 31 de outubro é comemorado o Dia do Saci?
O projeto de Lei nº 2.479/2013, do então deputado Aldo Rebelo, instituiu oficialmente essa data como o Dia do Saci.
Escolhida propositalmente para coincidir com o Halloween, ela surgiu como uma forma de valorização da cultura nacional, de suas histórias, mitos e tradições — uma maneira de resistir à supervalorização de elementos culturais estrangeiros que, há tanto tempo, são impostos a nós, brasileiros.
O Saci Pererê é amplamente conhecido por todos nós, e há muitas versões sobre sua origem. Popularmente descrito como um menino negro, de uma perna só, que fuma cachimbo e usa um gorro vermelho, o Saci foi retratado de forma estereotipada por Monteiro Lobato e difundido como uma simples figura folclórica.
No entanto, sua origem é muito mais profunda: o personagem é resultado do encontro de culturas indígenas, africanas e europeias, que foram sendo apropriadas, modificadas e ressignificadas ao longo do tempo.
Na verdade, o Saci Pererê não é apenas uma lenda. Ele tem origem no Jaxy Jaterê, um encantado dos povos Guarani — um menino indígena, de cabelos lisos e pretos, com duas pernas, guardião e protetor das florestas.
Jaxy é um encantado que interage com a terra, gosta de brincar à noite, conhece as ervas e plantas medicinais e tem um assovio poderoso, capaz de fazer com que quem deseja ferir a natureza se perca para sempre na mata.
O Saci é, portanto, uma figura de resistência, importante para combater estereótipos racistas e fortalecer o reconhecimento da sabedoria ancestral dos povos originários.
A arte e a literatura são instrumentos fundamentais nesse processo, pois ajudam crianças e adultos a reverem seus olhares sobre as nossas narrativas e a se reconectarem com o verdadeiro sentido do encantamento.
Assim, em contraposição ao “Dia das Bruxas”, o Brasil celebra, também no 31 de outubro, o Dia do Saci Pererê. Uma data que reafirma o valor de nossas histórias e saberes ancestrais, combatendo a homogeneização cultural e o apagamento das tradições locais.
Tanto o Saci quanto o Jaxy — protetores da natureza e dos animais — são símbolos da resistência à cultura imperialista que, muitas vezes, desrespeita e destrói o meio ambiente.
Existe um grande esforço dos povos indigenas brasileiros em manter viva a memória das narrativas ancestrais, e a literatura indígena tem papel essencial nesse movimento.
É importante compreender que a crença vai além da visão folclorizada e preconceituosa difundida no passado.
Como dizem os mais velhos: quando se mata uma história, o que sobra é apenas a lenda.
Sobre a autora
Profa. Andressa Viana é graduada em Pedagogia, especialista em Artes na Educação, especialista em Educação Infantil e Mestra em Ensino e Relações Étnico-raciais.
Dicas de leitura: 
•Olívio Jekupé: O Saci Verdadeiro, O Presente de Jaxy Jaterê
•Geni Nunez: Jaxy Jaterê
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