Major Barbosa reforça importância da inteligência policial e da inclusão social em fórum da OAB sobre encarceramento racial

O comandante da 87ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), major Barbosa, participou, na manhã desta quarta-feira (5), do I Fórum de Promoção à Igualdade Racial, promovido pela Comissão de Promoção à Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Teixeira de Freitas. O evento aconteceu no auditório da OAB, no bairro Bela Vista, e teve como tema central “Encarceramento racial: o caminho do negro na sociedade de classe”.
A mesa redonda, mediada pelo advogado Alife Mota, contou ainda com a participação de Áquila Souza Ferreira Aramum, diretor-adjunto do Conjunto Penal de Teixeira de Freitas (CPTF); Rute Souza Ferreira Penedo, policial penal e professora de geografia; e André Almeida Santos, coordenador pedagógico do CPTF.
Ao abordar o tema do encarceramento racial, o major Barbosa destacou que a discussão deve ir além das estatísticas e alcançar as causas sociais que empurram muitos jovens negros para situações de vulnerabilidade, levando parte deles a seguir o caminho do crime. Segundo ele, o enfrentamento desse problema exige políticas públicas que integrem segurança, educação e inclusão social.
“O encarceramento não é apenas um dado, é o reflexo de um conjunto de desigualdades históricas. É preciso oferecer oportunidades e mostrar que o caminho da legalidade é possível”, pontuou o comandante.
Durante o debate, um professor no público questionou o major sobre a recente megaoperação das forças de segurança no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, incluindo a de quatro policiais. O major Barbosa afirmou que “nenhum policial sai de casa para trocar tiros com ninguém”, lembrando que o risco é real e recíproco em qualquer confronto. No entanto, reforçou que o combate ao crime organizado é indispensável e deve ocorrer sempre que as circunstâncias exigirem.

“O que a sociedade precisa entender é que muitos escolhem o caminho do crime, mas a maioria dos moradores de comunidades como a Penha e o Alemão são pessoas trabalhadoras, que querem viver em paz. Esses cidadãos acabam sofrendo duplamente, com o domínio do tráfico e com o estigma de viver em áreas violentas comandadas pelo tráfico”, observou o comandante.
A fala do major repercutiu positivamente entre o público formado por alunos, professores, advogados e representantes de organizações sociais. A professora Daguimar de Oliveira, do Colégio Estadual Machado de Assis (CEMAS), destacou a importância da reflexão proposta pelo major Barbosa.
“Ele disse que a vida é feita de escolhas; eu concordo plenamente com ele, e deixo essa reflexão aqui para meus alunos presentes nesse evento, para que percebam que cada decisão tem um impacto e que o futuro depende das escolhas que fazemos hoje”, disse.
O diretor-adjunto do Conjunto Penal, Áquila Aramum, também elogiou a abordagem do comandante e acrescentou uma mensagem aos estudantes do ensino médio que acompanhavam o evento.
“Vocês são protagonistas da própria vida. Cabe a cada um decidir o caminho que quer trilhar”, afirmou, após relatar que sua origem humilde não o levou a seguir pelo caminho errado.
Em outro momento, o major Barbosa ressaltou que o Governo do Estado da Bahia tem realizado investimentos importantes na área da segurança pública, o que fortalece o trabalho policial. Ele citou melhorias em infraestrutura, aquisição de viaturas e armamentos modernos, instalação de uma sede permanente da 87ª CIPM em Teixeira de Freitas, e ampliação do serviço de inteligência no combate ao crime organizado.
Para o major, o fortalecimento da inteligência é a estratégia mais eficaz no combate às organizações criminosas.

“O confronto é inevitável em certas situações, mas o grande desafio é atingir a economia do crime. Quando a polícia age com inteligência, consegue desarticular as bases financeiras dessas organizações e enfraquecer toda a estrutura do crime organizado”, detalhou.
Ao final da mesa redonda, o presidente da OAB de Teixeira de Freitas, Ali Abutrabe Neto, agradeceu a presença do major Barbosa e dos demais convidados, ressaltando a importância do diálogo entre instituições para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

