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Frida Kahlo, uma mulher sem limites
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Quando conheci a história de Frida, fiquei fascinada por aquela mulher. Tudo nela me fascinava. A história de vida e superação, a forma despudorada e lasciva com que conduzia seus casos amorosos e a exuberância de cores nas suas obras, em especial os autorretratos.
Frida é, seguramente, uma das personagens mais marcantes da história do México. Era comunista e revolucionária e teve uma vida que, para alguns era de puro escândalo e para outros de superações e sofrimento. Tudo isso refletia em suas obras de arte fazendo com que fosse considerada uma das maiores pintoras do século. Particularmente, gosto muito mais da exuberância das cores do que da obra propriamente dita.
Seu pai era um famoso fotógrafo mexicano e, possivelmente foi dele que ela herdou o gosto por autorretratos. Era uma mexicana que adorava seu país e suas tradições. E deixava isso muito claro na forma coo se vestia e nos elementos populares presentes nos seus trabalhos.
Toda a vida de Frida foi marcada por tragédias. Aos seis anos de idade uma poliomielite a deixou fragilizada e com sequelas. Um dos seus pés ficou atrofiado, dificultando sua maneira de andar, pois uma das pernas ficou mais fina. Porém, a tragédia que mudaria sua vida aconteceu alguns anos depois ao sofrer um acidente que a deixou á beira da morte. Seu corpo foi transpassado por uma barra de ferro. Ao todo foram 35 cirurgias e mesmo assim as consequências fizeram com que ela tivesse complicações pelo resto da vida. Ela costumava dizer que seu corpo carregava em si todas as chagas do mundo.
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Se Frida fosse uma pessoa comum, certamente esses acontecimentos a deixariam depressiva e amarga para o resto da vida. Porém, durante sua recuperação, eis que desperta a pintora. Com um espelho sobre a cama, sua imagem era o que mais a atraía, daí a grande quantidade de autorretratos, 55 ao todo. Ela se justificava dizendo: “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Dois anos após sofrer o acidente, Frida conhece o grande pintor mexicano Diego Rivera, e passaram a viver uma história de amor recheada de intensidade e traição. De ambos os lados. Ela com 22 anos, ele com 43, dão início a uma das mais extravagantes histórias de amor que o México conheceu. Engravidou três vezes e três vezes abortou, pois seu corpo fragilizado não aceitava uma gravidez. Vivia constantemente entre a vida numa cama ou pequenos períodos de mobilidade usando um grosso colete que sustentava sua coluna.
Com o tempo, o relacionamento dos dois piora e Diego começa trai-la com sua irmã mais nova. Separam-se, ela começa um caso com o escultor Isamu Noguchi, mas pouco tempo depois se reconcilia com Diego, seu grande amor. Era uma forma de amor escandalosamente irreverente. Mesmo morando juntos, ambos tinham casos extraconjugais. E há relatos de que Frida, na sua ânsia de amar, se relacionava também com mulheres. Sua relação com Diego é tumultuada com idas e vindas. E, aos poucos ela se consolida como pintora reconhecida mundialmente. Ela registra tudo num diário que se tornou famosos pela profusão de textos e imagens coloridas, uma verdadeira obra de arte e de dor.
Nessa trajetória de amor, dor e arte, Frida tem uma das pernas amputadas e se vê presa a uma cadeira de rodas, pois sua coluna apresenta problemas, consequências daquele acidente na mocidade. Tem pensamentos suicidas e, segundo relatos no seu diário, só não o faz porque Diego a impede sempre. A ideia da morte parece acompanhá-la e se refere a ela com muita intimidade no seu diário. Quando a encontram morta no seu leito, os médicos dizem que foi embolia pulmonar, porém, no seu diário ela deixa registrado: “Espero a partida com alegria…e espero nunca mais voltar…Frida.”.
Qualquer outra mulher desistiria de tentar viver uma história de amor em tais circunstâncias. Isolar-se-ia, se faria de vítima. Frida foi à luta e amou intensamente, sem culpa, sem pudor, sem vergonha de se entregar ao que lhe dava prazer. Tenho um pouco de Frida dentro de mim e talvez tenha sido isso que nos aproximou, pois amo a história dessa mulher e lhe invejo a intensidade com que viveu a vida.