Fantástico exibirá matéria especial sobre ex-auditor que forjou a própria morte e foi preso em Mucuri

O programa Fantástico, da Rede Globo, vai exibir neste domingo, 19 de outubro, uma matéria especial detalhando o caso do ex-auditor fiscal Arnaldo Augusto Pereira, que fingiu a própria morte e foi preso em Mucuri.
Arnaldo, condenado por envolvimento na chamada “máfia do ISS”, confessou ter pagado R$ 40 mil para forjar o próprio falecimento e conseguir novos documentos de identidade. A captura ocorreu na última quarta-feira, 15, após quase duas semanas de monitoramento realizado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Segundo as investigações, o ex-auditor passou a usar uma identidade falsa desde julho deste ano, quando foi emitido o atestado de óbito forjado, que informava falsamente que ele havia morrido em Salvador por complicações cardíacas e diabetes. O documento foi registrado apenas dois meses depois, com sepultamento apontado em Cachoeira, no Recôncavo Baiano — locais sem qualquer ligação com o réu.
O registro falso, assinado por um médico baiano, foi inserido no processo judicial por um intermediário com antecedentes por furto, roubo e estelionato. O nome do envolvido, entretanto, não foi divulgado.
As autoridades descobriram que Arnaldo vivia normalmente no sul da Bahia, frequentando uma igreja local e mantendo contato com familiares. Foi o monitoramento discreto de endereços ligados à esposa e à paróquia da família que confirmou que o ex-auditor estava vivo e circulando com outro nome.

A prisão foi resultado de uma operação conjunta entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Núcleo Sul (Gaeco-Sul), do MP-BA, e a Rondesp Extremo Sul, com apoio do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), do Ministério Público de São Paulo.
Histórico e repercussão
Condenado a 18 anos de prisão, Arnaldo Augusto participou de um esquema de corrupção que desviou mais de R$ 500 milhões em propinas na Prefeitura de São Paulo. Ele foi preso duas vezes (2016 e 2017) e teve a pena confirmada em 2019.

Com o atestado de óbito forjado anexado aos autos, o ministro Antonio Saldanha Palheiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), chegou a extinguir a punibilidade do ex-auditor, acreditando que ele estivesse morto. Agora, com a descoberta da fraude, o Ministério Público deve reverter a decisão judicial e responsabilizar todos os envolvidos na falsificação.
Até o momento, nenhum posicionamento oficial foi divulgado pelo Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA), pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) ou pela Associação dos Registradores Civis (Arpen-BA). A defesa do ex-auditor também não foi localizada.