Vandalismo

Escalada da Violência: Indígenas voltam a bloquear a BR-101 e incendeiam caminhão em protesto

08/07/2025 - 09h23Por: Sulbahianews

A BR-101 voltou a ser bloqueada nesta segunda-feira, 7 de julho, no trecho entre os municípios de Itamaraju e Itabela. Manifestantes indígenas fecharam completamente a rodovia em protesto contra a prisão do cacique Wellington Braz, conhecido como Suruí, detido pela Força Nacional após ser flagrado com um arsenal de armas e munições, incluindo pistolas com numeração raspada e munições de fuzil. O novo bloqueio causa transtornos e é marcado por episódios de violência, como a destruição do caminhão de uma mulher que tentava passar pelo local.

Segundo relatos, a caminhoneira foi obrigada a abandonar o veículo, que acabou incendiado pelos manifestantes. Ela descreveu a ação como uma “tortura psicológica”, afirmando ter vivido momentos de terror enquanto via seu meio de sustento ser destruído. O caso, que repercutiu amplamente nas redes sociais, expõe o clima de tensão e a escalada da violência nos protestos que têm afetado milhares de pessoas.

Ao longo do dia, a fila de veículos retidos na rodovia chegou a quilômetros de extensão. Ambulâncias, cargas perecíveis, trabalhadores e famílias inteiras ficaram horas paradas sob o sol, sem previsão de liberação da via. Apesar da presença da Força Nacional na região, o bloqueio segue por todo o dia sem intervenção direta para a desobstrução.

A prisão do cacique Suruí, ocorrida no fim de semana, é o estopim dos protestos. O líder indígena foi detido sob acusação de porte ilegal de armas e munições de uso restrito. Apesar do flagrante, lideranças indígenas da região alegam que a prisão foi arbitrária e motivada por perseguição política, denunciando ainda supostos abusos durante o transporte dos presos, incluindo agressões físicas e psicológicas.

O Conselho de Caciques do Território Indígena Barra Velha de Monte Pascoal divulgou nota repudiando a prisão e exigindo a libertação de Suruí. De acordo com os líderes, a ação da Força Nacional visaria desmobilizar a luta indígena por território, em meio aos acirrados conflitos fundiários entre indígenas e fazendeiros na região.

A Força Nacional foi enviada pelo Governo Federal justamente para tentar conter os atritos entre as comunidades, mas sua atuação tem sido criticada por parte da população, que se vê desassistida diante dos bloqueios e da insegurança nas estradas. Em um dos episódios mais graves registrados recentemente, um grupo de indígenas interceptou agentes da própria Força e forçou a libertação de presos, intensificando a percepção de que a autoridade do Estado está sendo desafiada.

O arsenal apreendido com o grupo detido levanta sérias preocupações. Além das pistolas com numeração suprimida, foram encontradas centenas de munições, inclusive de calibres restritos, além de carregadores alongados. A Polícia Federal está à frente das investigações e busca identificar a origem das armas e possíveis conexões com grupos criminosos.

Juristas e autoridades do setor de segurança apontam para a necessidade de uma resposta firme do Estado que preserve tanto os direitos dos povos originários quanto a ordem pública.

Justiça Federal deve se manifestar nos próximos dias sobre os pedidos de habeas corpus apresentados pelas lideranças indígenas. Enquanto isso, a população segue sendo refém de um conflito cada vez mais complexo, em que o diálogo parece cada vez mais distante, e a violência, mais próxima.