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Dor e comoção: amigos e familiares homenageiam a enfermeira Priscila e pedem justiça

23/03/2021 - 17h04Por: Diário do Aço

Uma homenagem à enfermeira Priscila Cardoso da Silva, de 35 anos, foi realizada na tarde desta terça-feira, 23 de março, em frente à unidade de Saúde do bairro Cidade Nova, em Santana do Paraiso, onde a profissional trabalhava.

Com cartazes, balões brancos e tristeza, amigos e pessoas que foram atendidas por Priscila Cardoso, ao longo de sua trajetória como enfermeira, definiram Priscila como carinhosa e atenciosa, lamentaram seu trágico fim e cobraram justiça.

A enfermeira foi sequestrada por volta das 16h20 ao sair do trabalho na unidade de saúde e se encaminhar para o estacionamento ao lado, quando rendida pelo seu assassino. Daquele local, ela foi levada após ter seu carro roubado por Reginaldo que fugiu com o veículo.

Técnica de enfermagem, Laudicéia Maria da Costa trabalha na sala de vacina da UBS. Ela foi companheira de Priscila durante seis anos na unidade e pediu justiça pela amiga. “A pessoa foi presa mais de 20 vezes e estava solta (Reginaldo), não podemos aceitar, queremos justiça pela nossa Priscila, porque além de enfermeira, era nossa amiga. Esse homem foi cruel. A tese que conheceu ela há três meses e tinha um relacionamento é mentira, eu garanto que ele não a conhecia e não namorava com ela. Até porque nem o nome dela ele sabia, não sabia nada dela”, afirmou em entrevista.

Laudicéia afirma que, se Reginaldo queria o carro da enfermeira, poderia ter deixado Priscila para trás. “Queremos justiça, queremos ele na cadeia, porque se ficar solto, daqui a alguns dias fará mais vítimas. Não vamos aceitar que fique impune. Nunca vimos violência desse tipo por aqui e fica o sentimento de insegurança. Nossa unidade é aberta e de fácil acesso. Ele não teve medo de vir, ficar vigiando, circulando. Pegou ela de costas, foi covardia, depois que saiu o laudo, vimos que ele torturou a menina, não vamos aceitar isso. Queremos justiça”, reiterou.

Atenciosa e carinhosa

Moradora do bairro Cidade Nova e usuária da UBS, Patrícia Gomes foi atendida por Priscila por diversas vezes. “Vou guardar comigo a imagem de uma menina maravilhosa, que tratava a todos da mesma maneira. Ela sempre chegava cedo na UBS e recordo de um dia que vim cedinho, porque tinha de pegar senha para ser atendida. Percebi uma alteração numa biopsia, ela pegou, olhou meu laudo e me acalmou. Disse que tudo daria certo e que tentaria ligar para a médica. Conseguiu um horário pra mim, fez caso. Ela sempre foi atenciosa, maravilhosa com todos”, recordou.

Funcionária exemplar

Gerente da unidade, Josiane Cristina falou aos presentes à homenagem que a colega fará muita falta e fez coro aos demais por justiça. “Que fique preso e que não saia de lá, porque é uma pessoa ruim, o que ele fez nenhuma mulher merece passar. Privou de ter uma vida, de cuidar como ela cuidava, o carinho da Priscila era incrível, ele tirou a Priscila da gente. Sou gerente da unidade e não tinha trabalho com ela, resolvia tudo, sempre me ajudou. Agora ela está bem, está nos braços do pai. Só Deus pra dar força pra gente continuar, vir pra cá não tem sido fácil, temos lido as matérias e tudo foi muito cruel, ela não merecia nada disso”, concluiu. Veja, abaixo o vídeo da homenagem:

Enfermeira foi encontrada assassinada perto de Ipaba

Priscila foi encontrada assassinada no meio de uma plantação de eucaliptos, no fim da manhã de sábado, 20 de março. O corpo foi localizado à margem de uma estrada vicinal, perto do acesso à cidade de Ipaba. A perícia da Polícia Civil colheu informações na cena do crime. A vítima estava sem a blusa e o corpo já em estado de decomposição.

A localização do corpo se deu após a prisão do autor confesso do crime, Reginaldo Ferreira de Souza, o Pau Veio, de 49 anos, ocorrida na noite de sexta-feira, na cidade de Guarapari. O carro dela foi encontrado em uma oficina na cidade de Teixeira de Freitas, para onde foi levado logo depois de ter sido roubado. A polícia acredita que o assassino da enfermeira tinha uma “encomenda” de um Chevrolet Onix branco. A suspeita surgiu depois que placas clonadas de outro modelo semelhante foram encontradas com o mecânico.

Em coletiva virtual à imprensa realizada na tarde de segunda-feira, 22, o delegado Alexandro Silveira Caetano revelou que a enfermeira Priscila foi agredida violentamente antes de ser morta. A constatação saiu no exame de necropsia realizado no corpo da vítima no Instituto Médico-Legal (IML) em Ipatinga.

O autor confesso do crime, Reginaldo Ferreira, está recolhido ao Sistema Prisional do Vale do Aço. As investigações para a prisão de Reginaldo envolveram a equipes da 1ª Delegacia Regional de Ipatinga e da Delegacia de Polícia Civil em Santana do Paraíso, com apoio das polícias, Militar de Minas Gerais, Militar do Espírito Santo, Militar e Civil da Bahia, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF).


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