Centro TAMAR/ICMBio inicia monitoramento de tartarugas marinhas no sul da Bahia

Desde julho do ano passado passou a funcionar em Caravelas/BA uma base avançada do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tartarugas Marinhas e da Biodiversidade Marinha do Leste – Centro TAMAR/ICMBio. Já na primeira temporada reprodutiva monitorada, iniciada em setembro do ano passado, as informações levantadas são surpreendentes: dezenas de ninhos foram identificados na Área de Proteção Ambiental estadual APA Ponta da Baleia – Abrolhos, incluindo o registro inédito da desova de uma tartaruga de couro ou gigante (Dermochelys coriacea), espécie criticamente ameaçada de extinção no Brasil e que chega a 2 metros de comprimento e 400 quilos.
Tartaruga de couro ou gigante – medição de comprimento e largura de casco, uma das informações registradas de acordo com os protocolos do Banco de Dados do Centro TAMAR

Os monitoramentos se estendem desde a divisa da Bahia com o Espírito Santo até a foz do rio Corumbau, área já reconhecida pela importância para as desovas de tartarugas marinhas e onde não é permitido o trânsito de veículos nas praias (Portaria 10/95 IBAMA) bem como a iluminação inadequada de construções a beira mar (Portaria 11/95 IBAMA), que podem prejudicar a reprodução das 5 espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas elas ameaçadas de extinção e com presença já registrada em nossa região. Atualmente, a falta de quadricículos tem sido a principal dificuldade enfrentada pela equipe, visto que, o equipamento possibilita o tráfego pela praia, inclusive durante maré alta, e diminui o risco de atropelamentos dos filhotes.

Espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil e seu status de conservação de acordo com os critérios de espécies ameaçadas de extinção

Quando os ninhos são encontrados em áreas que serão alcançadas pelas grandes marés, inviabilizando o nascimento dos filhotes, ou em áreas onde ainda há registro de predação humana, os ovos são transferidos para um cercadinho protegido montado na praia pela equipe do Centro TAMAR Caravelas.

Em janeiro já começaram a nascer os primeiros filhotes de tartarugas marinhas protegidos pelo TAMAR e a soltura dos filhotes tem atraído a atenção das comunidades locais, especialmente as crianças e jovens, que se encantam com a beleza das tartaruguinhas.

Segundo Marcello Lourenço, oceanógrafo do ICMBio, responsável pelo Centro TAMAR Caravelas, os próximos passos são conversas e reuniões com as prefeituras municipais dessa região visando a instalação de placas informativas e a fiscalização do cumprimento das portarias de trânsito e iluminação, que visam proteger o ciclo reprodutivos dessas espécies. Estão sendo envolvidas também as Colônias de Pesca para desenvolvimento de projetos e atividades de educomunicação, sensibilização e educação ambiental.