Alerta no extremo Sul: relembre o rastro de destruição do 1º furacão no Brasil em 2004

Uma tempestade tropical se aproxima da costa sudeste do Brasil, e de acordo com o alerta emitido pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), em colaboração com o Centro de Hidrografia da Marinha (CHM – Marinha do Brasil) e com o Instituto Nacional de Meteorologia, seus efeitos poderão ser sentidos no litoral sul do estado da Bahia e do Espírito Santo até o dia 26.
Ainda neste sábado, 23, o ciclone era considerado uma depressão tropical, mas com ventos entre 1 km/h e 116 km/h, acabou subindo de nível e agora é classificado como tempestade tropical chamada de Iba, que significa “ruim” em tupi-guarani, apenas um estágio antes da formação de furacões, ou tornados.
Este tipo de evento, não é comum no Brasil, tão pouco no litoral baiano. Poucas foram as vezes que o país foi atingido por uma tempestade tropical e registra somente uma passagem de furação em todo o seu território, o Catrina.
Relembre o rastro de destruição.

A passagem do primeiro furacão que atingiu a costa do Atlântico Sul completa 15 anos em 2019. Em uma reportagem especial do Estúdio Santa Catarina, exibida em 2014, uma década mais tarde, ainda era possível perceber os efeitos do fenômeno em paisagens, imóveis e na vida de moradores da região Sul de Santa Catarina.
Em 28 de março de 2004, o furacão Catarina deixou mais de 27,5 mil desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos. Os prejuízos totalizaram aproximadamente R$ 1 bilhão e 14 municípios decretaram estado de calamidade pública. A força do vento arrancou 115 árvores pela raiz.
Avistado dias antes

Dias antes de atingir a costa catarinense, o furacão foi avistado por meio dos modelos de meteorologia no dia 23 de março 2004. Os trabalhos de proteção aos atingidos começaram quando a Defesa Civil estadual foi comunicada sobre a formação do fenômeno.
“Foi quando a gente entrou em contato com uma organização americana, que passou algumas orientações e nós na ânsia de querer saber mais, eles disseram ‘os olhos do mundo estão voltados para vocês. Naquele momento foi pavor, porque a gente calculou que 400 mil pessoas estavam dentro da área e a responsabilidade era muito grande”, lembra emocionado Márcio Alves, ex-diretor da Defesa Civil Estadual.
Mas como o Catrina foi formando?
Ocorrido entre 27 e 28 de março de 2004, esse fenômeno abalou o Sul do Brasil, pois sendo um fenômeno atípico nessa região, surpreendeu a população e a comunidade científica.
De acordo com o Blog O furacão Catarina se desenvolveu a partir de um ciclone extratropical no atlântico, e evoluiu para um ciclone subtropical. sistema ganhou gradativamente ventos e se direcionou para o continente com ventos de 150 km/h.
Os serviços de meteorologia do Brasil não estavam acostumados a identificar furacões, pois os fenômenos não ocorriam no Atlântico Sul. Uma disputa entre os técnicos em meteorologia quase colocou em risco a população. O alerta de furacão somente foi dado para a população após o serviço de meteorologia da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural) alertarem o então governador do estado, Luiz Henrique da Silveira sobre os riscos.
Como a comunidade científica reagiu?
Foi uma verdadeira surpresa para a comunidade meteorológica, que a princípio não deu muita importância, a partir da observação do sistema começaram a tratá-lo como um ciclone extratropical, que por sua vez iria provocar um tempo instável no sul do Brasil.
Segundo os cientistas esse sistema num determinado momento fez uma transição de ciclone para furacão, com um olho no centro. Sendo considerado então o primeiro furacão do Atlântico sul.
Escala e Classificação dos Furacões:
Os furacões são classificados na escala Saffir-Simpson que vai da escala 1 a 5. Essa classificação foi feita por Robert Simpson, nos anos de 1970. Robert Simpson era diretor do Centro Nacional de Furacões e sendo assim, foi desenvolvida uma tabela classificando-os pela intensidade de sua destruição, onde o nível cinco é o mais devastador.
Veja as cinco categorias:
Categoria 1 – Ventos de 119 km/h a 153 km/h. Árvores são derrubadas, casas destelhadas, e ocorrem inundações de áreas mais baixas. km/h.
Categoria 2 – Ventos de 154 km/h a 177 km/h. A partir destas velocidades árvores e telhados podem arrancados, portas e janelas podem se abrir, e pequenas embarcações são avariadas.
Categoria 3 – Ventos de 178 km/h a 209 km/h, acompanhados de tempestades. A recomendação da Defesa Civil é para evacuar as áreas na rota previstas para os Furacões desta classe.
Categoria 4 – Ventos de 210 km/h a 249 km/h podem derrubar prédios e casas. As tempestades provocam grandes alagamentos. Evacuação das áreas habitadas para evitar mortes.
Categoria 5 – Ventos acima de 249 km/h. A força nesta categoria é devastadora, derrubando prédios, pontes e o que estiver pelo caminho. O mar pode avançar até dez quilômetros para dentro do continente. Evacuação obrigatória.
Previsão e cautela com os Furacões
Cientistas meteorologistas trabalham na tentativa de prever tais fenômenos a fim de evacuar a região e avisar a população. Mas, mesmo com todo cuidado, cautela e estudos, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos afirma que não é possível prever com precisão a trajetória no solo quando da chegada de um furacão.