Entrevista: Poetisa Isadora Ferraz lança seu primeiro livro de poesia

A escritora e poetisa Isadora Ferraz, natural de Teixeira de Freitas, está lançando seu primeiro livro de poesia, intitulado “Gostaria de dar seu nome para este livro”, pela Caravana Grupo Editorial. A obra, atualmente em pré-venda, reúne versos que exploram com sensibilidade temas como identidade, afetos e o poder da palavra poética.
Os interessados podem adquirir o livro por meio deste link, apoiando o início da trajetória literária de uma autora que desponta na cena local.
O Sulbahianews conversou com Isadora Ferraz sobre o processo de criação, as inspirações que permeiam sua escrita e as expectativas para este lançamento. Confira a entrevista:
1) Há um fio condutor que une os poemas ou cada texto possui identidade própria?
Neste livro, eles estão unidos por um mesmo sentimento: o desapego e a falta de reciprocidade. São sentimentos que foram de fato vividos e, de certa forma, reprimidos ou distorcidos. Isso os conecta. Tentei organizá-los cronologicamente para que o sentimento ficasse compreensível, embora isso possa torná-los um pouco confusos — afinal, sentimentos não seguem uma linha reta.
2) Seu processo criativo envolve algum ritual? Há algo que você faz para “entrar no clima” da escrita?
Acho que, como Balzac precisava do café, eu preciso do vinho (risos). Brincadeiras à parte, meu processo é muito intuitivo. Minhas inspirações vêm de situações diversas e aleatórias. Raramente me sento com a intenção de escrever. Geralmente, são frases soltas surgidas em momentos de melancolia ou afeto. Tudo vai direto para o bloco de notas e, em momentos de calma, se torna poesia. Como costumo escrever em público, talvez meu único hábito seja tampar os ouvidos para ouvir melhor meus pensamentos (risos).
3) Qual foi o poema mais difícil de escrever? Por quê?
Creio que nenhum poema teve um grau específico de dificuldade. Como escrevo apenas quando estou inspirada, tudo flui. Minha dificuldade está em finalizar. Colocar um ponto final é o que me contraria. Por isso, muitos poemas terminam de maneira “suspensa”, abertos para que o leitor construa seu próprio desfecho — assim como acontece com o final do livro.
4) Há influências literárias ou filosóficas perceptíveis na obra?
Não de forma direta. Conheci o formato de livro inteiramente composto por poemas interligados quando li “Outros jeitos de usar a boca”, de Rupi Kaur. No ensino médio, também tive contato com Cruz e Sousa, cuja escrita carregada de imagens me fascina. Eles me inspiraram, mas não moldaram minha escrita. Fui caminhando para o meu lugar confortável dentro da poesia, até porque sempre enxerguei meus textos como uma válvula de escape e jamais imaginei compartilhá-los com tantas pessoas.
5) Se pudesse resumir o espírito do livro em uma palavra, qual seria?
Carência. A fantasia de sentir algo que só eu sentia me fez criar, sentir, sofrer — e escrever sobre isso.
6) Como surgiu a ideia de publicar o livro? Houve um momento decisivo?
Não houve um momento específico. De forma despretensiosa, me inscrevi na seletiva da Caravana Grupo Editorial. Foi uma surpresa quando a publicação realmente aconteceu.
7) Há um poema que você considera o “coração” da obra?
Não considero que exista um núcleo, pois todos nasceram do mesmo sentimento. Mas há um que diz muito sobre mim:
“Você em mim tem sido como uma xícara de café
Momentaneamente me desperta
Mas logo em seguida me ataca o estômago
Me causa náuseas, enjôos
Necessito me abster de cafeína
Mas antes, vou passar mais um café.”
Eu tenho gastrite nervosa!
8) Como você imagina o público ideal do livro?
Não imagino um público específico. A relação com a poesia é subjetiva. Quando escrevi, eu falava comigo mesma — mas seria limitador pensar que só pessoas como eu se identificariam. Acredito que qualquer pessoa interessada em leitura, poesia ou reflexões internas pode se conectar à obra.
9) Que mensagem você deixaria para jovens escritores?
Encontre sua própria forma de escrever. Escreva o que te faz sentir. O sentir dá sentido, e isso motiva a buscar aprimoramento dentro de si. Escrever tem me salvado todos os dias. Às vezes, seu próximo fôlego é uma página a mais.


