Violência

Professora da UFBA é chamada de “vadia” por aluno durante reunião

16/10/2025 - 14h18Por: Sulbahianews

Uma reunião da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, foi palco de um episódio de agressão verbal e misoginia que gerou ampla indignação dentro e fora da instituição. A professora Juliana Damasceno, vice-coordenadora do curso e docente de Direito Penal, foi chamada de “vadia” por um estudante durante o encontro, realizado no dia 6 de outubro.

O autor da ofensa foi identificado como Pedro Maciel São Paulo Paixão, presidente do Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB), entidade representativa dos estudantes da Faculdade de Direito. O episódio ocorreu durante uma reunião de consulta prévia sobre questões legais relacionadas às eleições estudantis.

Imagens registradas do momento mostram que a professora foi interrompida por uma voz masculina que repete o insulto três vezes, enquanto ela conduzia sua fala.

Em nota, Juliana Damasceno classificou o ato como criminoso e misógino, ressaltando que foi atacada enquanto exercia uma função pública como servidora. “As gravíssimas ofensas estão carregadas do ranço da cultura patriarcal que nega a legitimidade da presença feminina em posições de representação e hostilizam, simbolicamente, todas as mulheres que lutam por reconhecimento, respeito e igualdade dentro da academia”, afirmou a docente.

A professora também declarou que tomará todas as medidas cabíveis para garantir seus direitos constitucionais. “Acredito que a luta contra toda e qualquer forma de discriminação não pode ser ensimesmada, mas dever de toda a sociedade civil”, completou.

Após a repercussão, o CARB publicou uma nota, assinada em conjunto com o próprio Pedro Maciel, tentando minimizar o episódio. A entidade alegou que o fato “não ocorreu da forma como vem sendo difundido” e afirmou que a fala foi fruto de um “momento de desatenção e estresse”, sem a intenção de ofender a docente.

Em um momento de desatenção e estresse, com o microfone aberto por descuido, o estudante reagiu a um colega próximo. A expressão, embora inadequada, não integrou, em nenhum momento, qualquer ataque à docente ou a qualquer outra mulher”, justificou a nota.

Repercussão e manifestações de apoio

O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais e motivou notas de repúdio de diversas instituições. A Comissão da Mulher Advogada da OAB-BA, a própria Faculdade de Direito da UFBA e o Centro de Pesquisa BRICS+ manifestaram solidariedade à professora.

Os técnicos-administrativos da Faculdade de Direito também emitiram posicionamento oficial, repudiando a conduta do estudante e solicitando que as instâncias competentes da universidade apurem o caso.

Procurada pela imprensa, a UFBA ainda não se manifestou oficialmente sobre o episódio até a publicação desta matéria.

O caso reacende o debate sobre o machismo e a violência simbólica contra mulheres em espaços acadêmicos, e levanta questionamentos sobre como as universidades devem agir diante de comportamentos que violam o respeito e a ética no ambiente institucional.