Ataques: Indígenas reagem e invadem fazenda em Corumbau

Em reação aos ataques sofridos por fazendeiros desde o início deste mês, Indígenas da Aldeia Nova invadiram a fazenda Nedila, em Prado, na quinta-feira, 22 de setembro.
No dia 4 de setembro, o adolescente indígena Gustavo Conceição da Silva, 14 anos, foi assassinado a tiros por homens armados, que estavam em dois veículos, em uma fazenda localizada na região de Corumbau.
Uma força-tarefa montada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), como objetivo impedir novos conflitos entre fazendeiros e indígenas, foi enviada ao sul e extremo sul do estado, no dia 13.
Representantes da força-tarefa afirmaram na última sexta-feira, 23, que a invasão à fazenda Nedila foi feita por indígenas, já que na quinta-feira, 22 de setembro, houve uma reunião de pacificação, de acordo com o delegado, Paulo Henrique Oliveira.
“Podemos afirmar que quem fez o ataque foram indígenas da Aldeia Nova, onde estivemos ontem [em reunião de pacificação], porque identificamos indígenas que desaprovaram a invasão. Então há uma divisão entre eles, porque alguns invadiram e outros não quiseram isso”, explicou.
Os representantes da força-tarefa encontraram diversas munições no local do ataque, porém a quantidade não foi detalhada.
“Passamos a noite e a madrugada lá, encontramos munições. Eles estavam fortemente armados e depredaram a fazenda e quebraram tudo”, disse.
O tenente-coronel Wildon Reis, comandante do Batalhão de Choque, afirmou que o policiamento seguirá reforçado na região visando a proteção de indígenas e fazendeiros.
“[Essa invasão] foi uma surpresa para a gente, porque tínhamos acabado de participar de uma reunião de pacificação. O que também nos deixou preocupado foi o sumiço de dois funcionários, que depois foram encontrados em área de mata”, detalhou.
Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social acompanha ataques
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) acompanha a situação da comunidade atacada na Aldeia Nova. No dia 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil, o superintendente da SJDHDS, Jones Carvalho, esteve pessoalmente no local dando um panorama da situação.
“É um cenário de muita desolação, de muito medo, porque foi um ataque muito violento. São crianças, idosos, mulheres — inclusive mulheres grávidas —, que foram atacados com armamento pesado, bombas de gás lacrimogêneo”, disse na época.
Por meio da “grilagem” de terra, os fazendeiros estão atacando as comunidades indígenas que possuem o reconhecimento da terra pela Fundação Nacional do Índio (Funai). “Grilagem” significa falsificar documentos para tomar posse de terras ilegalmente.