Religião

O que a ciência diz sobre Moisés, as dez pragas, o êxodo e o Mar Vermelho

31/03/2017 - 19h00Por: Terra

Uma das principais figuras religiosas do mundo, o profeta Moisés e sua história fundamentam há séculos a fé de bilhões de pessoas – e intrigam cientistas em igual medida.

A Bíblia diz que Moisés foi escolhido por Deus para liderar a saída dos hebreus do Egito, onde eram escravos, rumo à terra prometida de Canaã. Após o reino ser atingido pelas dez pragas, o faraó Ramsés 2° admite sua libertação, pedida por Moisés.

Durante o êxodo, um dos momentos mais marcantes, segundo o relato bíblico, é a abertura do Mar Vermelho pelo profeta para que seu povo fugisse da perseguição do faraó, que havia se arrependido de sua decisão. É nesta jornada que Moisés recebe de Deus as tábuas dos dez mandamentos.

Após vagar 40 anos no deserto, os hebreus chegam a seu destino, mas Moisés falece no fim do caminho, depois de avistar Canaã ao longe.

Esta história está na base não só do Cristianismo, como também do Judaísmo, e Moisés também é reconhecido pelo Islamismo e outras religiões.

Mas seria o texto bíblico ficção ou um reflexo de fatos históricos? Seus acontecimentos têm correspondência em registros históricos desta sociedade antiga? Quais evidências foram encontradas em investigações científicas realizadas ao longo das últimas décadas?

Moisés

Moisés era hebreu, mas não escravo, segundo a Bíblia, porque foi encontrado em um cesto em rio pela filha do faraó, que o adotou.

A história da primeira infância de Moisés ainda compartilha muitas semelhanças com um antigo mito da Babilônia de um rei chamado Sargon, que foi encontrado em um cesto boiando em um rio.

Entre 600 e 300 a.C., escribas judeus em Jerusalém registraram as lendas e histórias antigas de seu povo, para que fossem passadas de geração em geração.

Eles teriam se baseado no mito de Sargon para criar a história de Moisés? É uma teoria possível, pois os judeus foram capturados pelos babilônios em 587 a.C e mantidos em exílio por algum tempo. Neste momento, o mito de Sargon poderia ter servido de base para o relato sobre o profeta.

Estudiosos do tema ainda questionam se os hebreus eram de fato escravos neste período do Egito Antigo, pois, além do texto bíblico, não existe provas históricas ou arqueológicas disso.

“Havia semitas, alguns dos quais poderiam chamar a si mesmos de hebreus, que faziam parte de grupos de trabalho. Eles não eram propriedade de um indivíduo. Eles viviam em vilarejos de trabalhadores”, afirma Carol Meyes, professora de estudos bíblicos da Universidade Duke, nos Estados Unidos.

As pragas

Na Bíblia, as dez pragas são um ato de Deus, que age por meio da natureza. São elas:

As águas do rio Nilo viram sangue; Rãs cobrem a terra; Piolhos atormentam a população; Moscas escurecem os céus; O gado morre; Chagas afligem homens e animais; Uma chuva de granizo destrói plantações; Nuvens de gafanhotos consomem cultivos; Trevas encobrem o Sol por três dias; Os primogênitos morrem.

Especialistas de diversas áreas, como climatologistas, oceanógrafos e vulcanólogos, sugerem haver evidências de uma série de eventos naturais que poderiam explicar estas pragas.

O epidemiologista especializado em desastres naturais John Marr, autor de um artigo sobre o assunto publicado nojornal americano New York Times, que serviu de base para um documentário da BBC, acredita que as pragas podem ter sido causadas pela proliferação de um micro-organismo, o Pfiesteria piscicida, nas águas do Nilo, o que teria envenenado os peixes e levado uma série de eventos trágicos.

Esta teoria explica as seis primeiras pragas. Em 1999, ocorreu uma catástrofe ambiental na cidade americana de New Burn, no Estado da Carolina do Norte. Ao acordar, seus habitantes viram que um rio local havia ficado vermelho.

Mais de um bilhão de peixes morreram. Pessoas que trabalhavam próximo do curso d’água ficaram cobertas por feridas.

O cientista ainda aponta que “pragas” como gafanhotos e chuvas de granizo continuam a assolar o Oriente Médio até hoje. O golpe final – a morte dos primogênitos – poderia ser um resultado direto da combinação da tradição local e tentativas de lidar com as outras pragas.


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